Hoje é muito difícil imaginar a escassez de povoamento que se verificava, em épocas não muito remotas, por toda a região gandaresa. D. Juan Garcia Bacelar, fidalgo galego, natural de Pontevedra, em determinado momento difícil da sua vida, fez voto a Nossa Senhora de lhe edificar um templo no sítio mais ermo que encontrasse. Em 1610, passeava ele pela Gândara quando, vendo tanto abandono, se lembrou da promessa e mandou construir uma ermida, dedicada a Nossa Senhora da Atocha. À volta desta ermida, formou-se um lugarejo que deu origem à actual vila da Tocha. Além de vastos areais, grande parte da Gândara estava cheia de charcos de água, tornando difíceis as comunicações com outras gentes. Além do isolamento a que foi votada, a pobreza do solo agrícola moldou a vida dos gandareses, obrigando-os a encontrar respostas que lhe garantissem a sobrevivência: fizeram-se lavradores-pescadores, moliceiros, ratinhos, caramelos e desenvolveram laços de inter-ajuda em verdadeiro comunitarismo agro-piscatório de que ainda se conservam marcas na cultura gandaresa. Poderá dizer-se com propriedade que a riqueza desta obra está tanto na atenção prestada aos mais insignificantes fenómenos da vida tradicional e ao detalhe da sua descrição, como na tentativa de integração e interpretação destes factos. Assim, afigura-se como um ensaio interpretativo de um vasto consjunto de factos da vida tradicional da região gandaresa e do seu povo modesto e trabalhador… desde a dimensão etnográfica e sociológica até á definição do traço antropológico significativo.

CADERNO DE BITÁCORA A CULTURA DA GÂNDARA
ISBN: 9789727729142
$42.168
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